quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Número.


Ao nascer, recebe-se um número que está na certidão de nascimento. Quando se vive há números: de identificação pessoal, para ser tributado, para viajar e, finalmente, quando se morre, há o número de óbito.
Ao ser educado, dá-se o número da aprendizagem.
Ao receber pelo fruto do suor do rosto, dá-se um papel com um número.
Número, número, número, você é o grande vilão da história e da queda da humanidade.
Pelo número, vende-se os princípios fundamentais.
Pelo número, agride-se a natureza.
Nós te servimos número!
Há até aqueles que tem na cabeça um número de quem vai entrar no céu.
Número! Você nos automatiza! Você vende nossas almas a um preço de pão de ló.
O número nos faz simular e dissimular.
Tempo marcado pelo número.
Anos de vida marcados pelo número.
Promessas feitas pelo número do tempo.
Vivemos pelo número, por número, em número, com número, de número, pelo número e não há artigos e preposições suficientes para usar com o número.
Um dia quero viver sem número. Quero me livrar deste fogo consumidor que me apressa, me deprime e alimenta minha ilusão.
Ilusão porque o número não existe. É um meio pelo qual o homem sente-se encontrado, ordenado e fixado. A eterna necessidade de etiquetar as coisas e de rotular tudo. Pitágoras foi um gênio da lâmpada de aladim, mas o gênio cobrou caro pelo pedido do homem!
Autor: Victor Dias Teixeira.